Se somos fruto do mero acaso

não há porque temer o tempo,

nem seu passar ou não,

posto que o acaso se repete

quando dele falamos ou perguntamos.

 

Também não porque contar o tempo.

Embora nossa vida seja medida

por esta contagem,

não é a partir dela que vivemos.

 

Podemos viver cem anos em um dia

ou um dia em cem anos.

Depende de nós e de nosso espírito

aventureiro e navegador de sete mares, ou não.

 

Quando já se está diante da porta que se quer entrar,

não se precisa mais de asas é só caminhar mais um passo

que o brilho do céu se amaina em esperas

que vão, aos poucos, se transformando em destemperanças.

E que essas se façam de um intenso navegar

dentro da bolha da vida

que, mesmo parada no tempo,

é lar de esperança, morada para a qual

há poucas entradas e, desejo meu, nenhuma saída

para que dela o sol que me habita jamais ouse sair.

 

Por isso, não tema o tempo.

Ele é fugaz e passageiro e nos leva a viver

aprendendo que tudo é o instante mágico

desta fresta existente entre o não ser ontem

e não ser mais amanhã

e que é o hoje que nos cabe viver.

 

O instante de agora.

 

Então, dance com a vida

a música do imperador

e sejas pleno em amar

e eterno em amor.