Temos sonhos e queremos alcançar tanto.
E, muitas vezes, achamos
que o que queremos está longe,
mas o que está longe, às vezes,
está tão perto e mais perto quer estar.
Também quero viver a vida que,
ontem, me parecia tão distante
e, hoje, está em meu horizonte de possibilidades
ou é presente tão perto, mas tão perto
que chega a ser dentro, é eu.
Sim, não me acanho com o tempo.
Tenho medo que ele se apague antes de tocá-lo,
antes que se materialize em minha vida.
O tempo é feroz devorador de horas
que quando são vividas desaparecem pra sempre
deixando apenas lembranças.
É delas que sobrevivi,
por elas que sobrevivi até encontrar,
cada dia, o presente.
O tempo é fugaz e diz que sim
e quando chega já é não
porque só vivemos na fresta
entre o ser e o não ser do tempo.
É nesse momento
entre ele ainda não ser
e o não mais ser
que nossa vida se encontra.
Chama presente.
É nele que
nos amealha viver.
E o tempo nos leva sim
para os confins da terra.
Mas, o amor, ah, o amor
vai conosco para onde estivermos
pois mora dentro do coração
e de lá não há o que o possa tirar.
Que eu possa ser
essas fechas douradas
que te armem inteiro
para passar os dias
no gozo dos alpendres,
no bate, rebate do sol.
Que te vire do avesso
e te faça sempre aberto
ao toque primoroso
do alerta para
a batalha do tempo.
E tem os dias
em que você vem
e os que você vai,
e se cair nas garras do tempo
só tem-se a perder.
Por que, no encontro da vida,
há tudo a perder e nada a ganhar.
Quero nada da vida.
Não ter tudo e nada ganhar.
E você me diz e eu te digo:
quando tudo perder
e nada ter
guarde-o para sempre.
É a sua sombra,
a sua sombra da vida.
Sombra de paz,
sombra de amor que abriga,
dá e amaina calor.