FELICIDADE CLANDESTINA
É bem assim desse jeito
Querer te ter contra o peito
Mesmo você sendo de alguém.
Como no livro de história
Que a menina simplória
Deseja para ler também.
E a vida, menina malvada,
Sem que a ela eu fizesse nada
Me oferta e nega brincando.
Flutuo então nas ondas do sonho
E todos os dias suponho
Que vou estar te abraçando.
E a vida, má e sardenta,
Todos os dias me inventa
Um jeito para eu não te ver.
Mas, ao mesmo tempo em que nega,
Faz-me crer numa entrega
Que amanhã poderá ser.
Fico sonhando acordado
Não durmo de tão excitado
E o dia me encontra assim.
Olhando flores de inverno
Sentindo o céu e o inferno
A se unirem dentro em mim.
Querer-te assim se faz sina
E esse esperar não termina
Onde te tenho sem ter.
Quero ler sua história toda
Antes que o coração exploda
De tanto querer você.
Mas, amo essa vida, e esse jeito
Pois mesmo doendo no peito
Sou feliz com essa sina
De não te ter, mas ter de você
Esse carinho que me faz viver
Essa felicidade clandestina.
DeJorge 06.2020