Também procuro algum sentido

ao entrar pela janela da vida

ao funcionar do sol ou despertar da lua

para a sua jornada pelo universo de luzes.

 

Não sei que sentido há

nos vários que falam ter.

 

O meu é cantar,

enquanto o sol

se cala e ouve. 

 

Ouve a mim

e aos mendigos

sedentos e famintos

à sua porta,

a quem responde

com marmitas

fartas e repetidas. 

 

São trilhas sem saída,

essas, da vida.

 

Pode-se escolher:

entregar-se

ao poder do mundo

ou esconder-se

dentro de si mesmo. 

 

Não há reza

que possa resolver

esse imbróglio.

Nem Ave-Maria salva. 

 

Também não adianta mudar de nome

com a intenção de traçar outro destino.

Ou, pensando enganar a vida.

 

Pode mudar o nome de João

pra Manuel, se quiser.

Pode reclamar e justificar

que é muito duro ser João

que não pode nem sentar

no lugar errado

que te fazem passar

pelo apredejamento

igual ao mais rude sem amor. 

 

Pode ser Manuel,

que a vida já sabe.

Ela sabe que você

mudou o nome.

 

Ela, intuitiva,

percebeu sim,

descobriu.

 

Ela mesmo disse:

eu percebi sim!

Que você agora

é Manuel,

o Pleno arcanjo

que visita mendigos

e deixa-lhes belas marmitas

para os alimentar.

 

Ela sabe que você mudou o rumo

para o Norte de tua vida.

 

E que, juntos, tua vida e você, em fuga,

partiram para a morada dos pássaros

onde encontraram um jeito

de voarem na beleza cantante

e eterna de uma poesia em flor.