Encontrar as luzes da vida onde não se espera,

onde não frutifica, é como receber um presente surpresa.

Mesmo em meio ao mundo dos maus,

dos que não querem nada mais

do que mandar de acordo com seus interesses,

mesmo ali, a vida está presente.

 

Porque se somos vida,

ela vai onde estamos.

E vai, também, onde não deveria ir.

 

Também trilho essa calçada de amores

cheia de vãos onde caminham flores,

sóis e faraós do tempo e do poder.

 

Fugir por fugir não é resposta.

Há de se ter uma causa plausível.

Ficar por ficar, também não é.

Não há causa plausível para tal.

 

Não creio que se passe

sem querer em qualquer lugar.

Nossos olhos sempre

podem ver para onde vamos.

Ninguém caminha de olhos fechados

a não ser que seja trilhando

terras de amores e campos de girassóis

ou flores orvalhadas de lágrimas de vida.

 

O que nos leva a buscar

a calçada dos solitários,

de forma aflita e descompassada?

Encontrar os alados da meia-noite?

Neles se abraçar e chorar juntos?

 

É que é nesses encontros,

que nos encontramos.

Um pouco ontem,

um pouco hoje,

tomara amanhã.

 

É quando juntamos nossos pedaços de espíritos,

antes tristes e sozinhos, precisados de amores,

agora num Só, se perdendo em suas ânsias,

se achando e encontrando

um céu onde ainda, nunca, houveram ido.

 

É quando conhecemos a vida

e nos descobrimos poderosos para vivê-la,

sabendo que, ao viver, vamos morrendo a gritar

que o poder dá vida, acende faróis, levanta mortos

e o seu excesso leva os mansos e amainados

ao sempre estar morrendo

por encontrar as luzes da vida.

Aquelas que brilham qual fogo de estrela candente

e atravessam nossas terras provocando levantes,

ressuscitando mortos para uma próxima eternidade de vida.