Eu gosto desses momentos de melancolia

que me tomam a alma no ganido do tempo.

Eles me aproximam de quem amo,

me fazem voar ao seu encontro

na tentativa de rasgar o espaço

e apagar a distância, quando ela acontece.

 

Não é algo que me assusta.

É um estado de espírito

que me leva a procurar dentro de mim

a profundidade do sentir e perceber

a necessidade de eruptir interiores,

fazer com o que a caixa se abra

em todos os seus lados

e deixe exposto o seu interior,

a essência que me forma,

o cerne de que, de fato, sou feita.

 

A melancolia é produtiva,

gera buscas e aproximações

com o que nos é mais caro.

O amor, a paixão, as coisas

que realmente importam.

 

Eu gosto desses momentos de melancolia

que rabiscam, pés descalços, o indizível

que meu coração entrega no beijo

que meus olhos tatuam neste rascunho de vida

enquanto tentam ver o Sol pela fresta escura

do túnel da minha janela do tempo.