Jardim Orvalhado
Um jardim de sementes, que, talvez,
talvez, ainda se escondam na névoa
que abraça o céu e a montanha,
quase tocando a lua que brilha sua luz
a quem dela quiser.
Sua palidez se dá pelo cansaço da jornada
e as tantas vezes que lutou
para não desistir de plantar e florir.
Seu frescor provém dos últimos tempos
que, embora vivam uma gangorra de sentimentos,
semearam a esperança
e a confiança de errar e amar.
Se é bem-querido e lhe acresce
de miúdas gotas de ser livre
que não perca sua missão.
Quem é amado não é apenas uma lantejoula,
um adereço ou longo atavio, um enfeite de feliz,
mas é assim adornado pelas mãos
que lhe tocam em noites de gala
na dança do amor pelos salões da vida.
E nesse dançar flamejante já se disse
que o adorno mais caro é aquele
que enfeita o trinco da porta do coração
aberto aos braços e ao acalanto de amor
que só pode dar quem mora na morada dos milagres,
no relicário do amor, na catedral do coração.
Nosso jardim é um e minhas flores,
nascidas no seio das plantações de amor são tuas,
são nosso amor semeado e nascido
na acestralidade trilhando, agora, feliz perenidade.
Mesmo os dias chuvosos, de guerra, tempestuosos
as flores rejubilam felicidades e se embelezam
de sonhos para alegrar os peregrinos no jardim.
E nos dias de bonança a alma se enleva em belezas
e as flores garlam os céus tocando os astros
com suas mãos de fadas para colher
o mais doce néctar das estrelas
e enfeitar as trilhas onde pisam anjos
e voam borboletas em busca
de suas ânsias e procuras.
Nosso jardim é lugar de comungar o amor
e ânsias de mais querer.
Por isso, deixei
minha cadeira de vime na varanda
e parti, ombros angelicais
e desnudos da dor
e pousei selena em nossa terra
pedindo passagem
para comungar, nós dois,
rezas de eterna querências.