Um clamor emana
das profundezas:
volta, Amor!
Eu também só sinto
dor!
Volto na cauda
de um asteroide
no vir de ventos contrários,
aí eu volto.
Teus acessórios de vida
são os meus.
Por isso, escolho os meus:
quero ramos tortos
em meu jardim de flores.
São práticos para
neles colar minhas raízes
e brotos de orquídeas.
São ramos curtidos,
em barris dos tempos
de flores diversas...
Não enfeiam a flor,
lhe dão beleza
e iluminam sua tez
com sorrisos e felicidades.
Neles se agarra com firmeza
e luta para ali permanecer.
Plano voo, bálsamo,
sobre as dores!
A cor azeda
é de sabor apreciado
por quem conhece
os temperos exóticos
e inusitados
que a vida nos oferece
em sua dádiva
de amor e caridade...
Ninguém se atreve a provar,
o sabor nacarado de canela
e avelãs de um dia de Natal...
E mais do amargo deseja ter...
Ninguém vê e ninguém sabe
que a flor tem espinhos
e que se passa, passar ao largo
o homem comum, coroado
do invisível, que ninguém viu.
Também já fui para não voltar
e de acolhida me fiz
para que a luz que chegou
nunca mais possa sair.
Um Sol Valente e amoroso
com duas portas
uma para abrir,
outra para fechar.
E haja névoa neste céu!
Para a dor, de frescor, amainar!
Ele é homem de duas portas,
que bate um som opaco e profundo
que retumba em mim ao passar...
com seu Dedo de Agulha
e dobradiças de ferro em brasa
para ao largo bater e voltar...
Se vai, sou eu
se fica, fica ele
com desdém e lágrimas
que eclodem do sensível
e torto ramo em flor...
Quando ele parte é coisa de um dia
de coisa passageira, sem sentido,
logo volta, afoito, e musical...
de um passado
que nem nome mais tem
e nem se sabe mais que mar é...
mas, é uma mistura de tempos e estações
que troca de vida de tempos em tempos
alternando suas cores e belezas...
É quando você se perde no tempo
e desaparece no interior de uma flor
aberta ao orvalho que goteja e morre
ao largo da plena vida...
E se é por pedir,
todos pedem, em ânsias
de mel e néctar
das primaveras:
Volta,
eu também só sinto
dor!