O tempo me diz que são nove horas.
Hoje eu pensei:
É a hora de conversar com você.
Lembras? Quantas vezes,
nessa hora,
estava eu lá, no teu jardim,
falando contigo.
E aqui estou hoje.
Porque eu não tenho como fugir de ti.
Tento, tento e não consigo.
O que vou fazer? Morrer?
As horas passam, os dias vêm e vão
e meu coração sente tua presença.
Por mais que te escondas.
Por mais que não te deixas ver.
Eu sei. Estás ali. Atrás de teu nome.
Escondido entre as flores do jardim.
Sinto-te espreitando-me
por entre as linhas do nosso mundo.
E não consigo fugir de ti.
E sabes por quê?
Porque não posso fugir de mim.
Dos meus sentimentos.
Não posso mais negá-los.
Falo contigo, sei que me ouve. Eu sei.
Mas acho que tens medo.
Não compreendo do que tens medo.
E lhe pergunto: do que sentes medo?
De deixar conhecer a tua alma?
Eu já a conheço.
Porque achas que minha alma
se ligou a tua assim, sem explicação?
Coisas do espírito.
Do sobrenatural.
Inexplicável.
Inútil tentar descobrir.
Inútil sentir medo que já está posto.
Não tenha medo de mim.
Eu só quero alegrar tua alma com meu amor.
Um amor que não se explica,
Não se justifica.
Não se entende.
Inútil tentar entender dois grandes espíritos
que se reencontraram na janela do tempo,
depois de séculos de procura.
Só cabe aceitar.
Inútil querer explicar.
Só o tempo poderia explicar.
Só mesmo Deus para saber.
Eu? Apenas sinto.
Sinto-te em mim.
Como se lá já vivesses há séculos.
Séculos e séculos de vida
que te tenho dentro de mim,
aconchegado ao meu coração,
escrevendo minha história em ti.
E teu espírito ronda minha alma,
persegue meus sonhos,
sussurra pecados e desejos
que só me fazem aproximar mais de ti.
Querer estar junto, perto,
tocando com a mão a ternura de tua alma,
caminhando em teu espírito,
acalentando-te em meus braços de saudade,
percorrendo com paixão,
enlaçada por ti, tua vida,
selando com lábios de fogo
cada centímetro de teu ser.
Amando.
Eu te amo:
Eu também te amo, Amor.