Eu te amo em tantas nuvens que passaram pelo céu
e te abraçaram feito brumas na manhã
em que abriste a janela de tua vida.
Eu te amo como amas a mim.
Eu amo o vento em direção oposta,
levantando meu cabelo e perpassando as roupas,
grudando-as ao corpo junto com os pingos da chuva
tornam tudo transparente
e sem sentido - melhor desnudar a alma.
E me despeço de cada folha seca que vai caindo ao chão,
desfolhando, desfolhando para que a árvore
passe em paz o seu período de caducagem.
Mãos de jardineiro podem auxiliar no processo com uma poda.
Aquele jardineiro que me amou
na quietude e mansidão da brisa do vento.
Meus olhos fechados sentiam o silêncio
percorrendo minhas veias com a respiração acelerada.
A relva coberta de ramos verdes e folhas secas
abraçavam nossas luzes como o sol abraça a montanha
nas manhãs floreadas e gotejantes de primavera.
Era teu fogo nas folhas secas que eu via
com as janelas do meu coração.
E elas dançavam ao sabor das labaredas
e dos ventos contrários que se cruzavam
por sobre as mechas de chamas
que se acendiam e apagavam
qual brasas vivas feitas de nuvens
que passaram pelo céu e te abraçaram
feito brumas na manhã
em que abres a janela de tua vida.