Tarde de Se Pôr
São muitos os toques, os cheiros
os dias, os beijos, as carícias
há de se dizer que são muitas as memórias
me transpassando a mente
invadindo o mais fundo espaço de mim
e me fazendo remoer um passado... de tristes ternuras
doce como a tua boca
naquela antiquissima tarde
doce como as cores do céu
naquele fim corrente à tarde
doce como o algodão doce comprado
como as finas fitas separadas d'água
caindo pesadas e batendo leves no solo
uma chuva que não se esperava por certo
porque o firmamento lá no seu horizonte
tinha um amarelo-vermelho-alaranjado de potências
e um sinal de que iria se pôr o sol de maneira pacífica
mas decidiram nos mandar gotejo, molhado
cair de nuvens
e eu te olhei, nós sentados na grama
que a cada segundo ia se encharcando
nós atados com as mãos se aproximando
o medo de querer se esvaindo com a tarde
e então tua mão atando um nó na minha
te olhei, o teu rosto atento a ver o sol se pôr
o teu rosto de lado, metade, como era lindo!
como era doce!
e eu torpe desejei que o momento fosse eterno,
viraste, e os teus olhos eram claros como a luz
exatos como os números
eu te amo, disse o silêncio da tua voz
eu te amo, disse a roquidão da minha
resolutos, mas não mais amedrontados
naquela antiquissima tarde, nos beijamos
não queríamos mais nada a não ser um ao outro.
te amo.