De lírios
Olhai os lírios do campo
Sei que foste a flor de um escrito
Mas ainda.
Depositaste o perfume proibido
Se sinto o cheiro e sou banido
Como posso viver coibido?
Vou vagando por esta literatura a fora,
Ser de letras semi destruídas,
Versos que bebo e me embriago,
Sou a viagem dos espelhos.
Mas se o reflexo não condiz com a minha imagem
Faço o reverso do inverso do avesso
As palavras presa a minha boca.
Vivo no anteparo do ponto cego
Pois absorvo sempre o que me diz.
Sou a tua palavra que não retorna
O grito que não ecoou em teus ouvidos
O desejo despossuído de um corpo
A neve derretida da tuas lágrimas congeladas.
A febre que me assola estarrecida
Só ataca o coração efervescido
E o meu sangue que hoje evapora
Condensa e chove à tua boca.