Indelével tempo de rosas amarelas e botões de luzes

que se ajeitam sobre a mesa para suas sedas dançarem

pelos beirais dos telhados e sacadas das casas.

 

O sabor nácar de um pétala pálida e rosada

cai em tua mão e se ajeita em teu colo

para valsar na força de redomoinho de águas.

 

Sabes que danço a universos com tuas cores

e que arranco tuas penas em cada pisada que dás

em minhas terras de maçãs e avelãs.

 

Sou botão em flor, orvalhada de névoa

e com cheiro amadeirado das pinhas

e folhas de cedros e carvalhos de teu jardim.

 

Vem me buscar para uma volta no salão,

rodopia sem parar, roda, roda, roda

bailarina melodias e letras de músicas em meus ouvidos

enquando plano em teu corpo qual ave plumada de olhos e lábios

que percorrem os abissais de teus mares.

 

Camuflas teu corpo,

redecoras tua textura e cor.

Disfarça!

 

Captura-me qual presa de teu amor...

como um peixe-leão ou uma enguia.

Faça-se fingidor e retumba em mim teus tambores,

faz eco de meu coração...

o retumbe toca o prato mais sensível ao toque...

com fios de ouro dispostos

ao longo da cerâmica azul queimada à ferro e fogo.

 

Chocalho avança como serpente ou peixe,

fazendo barulho no meu silêncio de troca de pele.

 

Eu? me faço coberta de espinhos,

me inflo com água e ar, inspiro, respiro, solto...

devoras-me enquanto alga marinha,

folha flutuando junto ao teu corpo,

escondida em ti, meu cavalo-marinho

que cavalgo qual pelicano

ou peixe-boca-de-guarda-chuva.

 

Corro no abissal do mar, nado em ondas e tempestades

que fazem tsunamis em meus pra dentro,

em minha concha de caramujo-língua-de-flamingo

que se camufla num manto estendido

para capturar peixes desavisados

que passem ao largo de minhas tocas

feitas de areias e corais azuis e prata.

 

Lá me escondo, poliqueta-árvore-de-natal.

Tenho múltiplas potencialidades e armadilho teias

para agarrar minhas presas com megatons de cílios

que se movem, prendem e levam à boca

crustáceos e peixes que se aventurem em meu mar.

 

Você me visitou em minhas ondas

beijou sôfrego meus cabelos de sal..

Encharcou Nosso Mundo de reggae 

pés deslcaços na areia de Flor de Laranjeira...

Devoro-te, tay, e marco tua casca

de pele trocada com a minha.

Teu mar é o meu mar.

Sou tua!

 

Em tua pele

escrevo com a boca

e a voz rouca

de meu despertar:

- és Meu!