pão, leite e café

Num instante

necessário,

tranquei-me nesse

canto escuro

para livrar

o mundo

de meu desgosto

em minha urgência,

liberei das correntes

o monstro da solidão

que voou num frenesi

solto

pelo tecto

para alegrá-lo mais

retirei pela garganta

meu coração

e o pus em suas

mãos

os dois correram

felizes sobre as paredes

e janelas trancadas

riram-se de mim

riram-se para mim

fizeram algazarras

giraram contentes

como crianças no parque

pelo fim de tarde.

deixei-os curtindo

a vida naquele

canto

e saí para comprar

pão, leite e café.

(homenagem a Clarice Lispector)

(30/08/2014)