Quero ser essa saudade que encanta
que apaga as dores invisíveis
e as sombras que nos (per)seguem.
É assim que me sinto.
Tenho até medo,
de tanto que meu coração bate.
Já senti gosto de sangue na boca.
Se eu morrer agora, morro em ti.
Eu sei onde moram
os verdadeiros sentimentos.
Eles florescem absurdamente em mim.
Nem encontro palavras
para expressar a sua dor
que nasce em meu olhar
e se alonga para as veias
tentando entregar minha emoção.
Também fiquei olhando as nuvens
passarem no céu...
ouvi suas vozes no corredor da vida...
o mundo era você naquele momento
e eu te falava, pedia que me deixasse escrever
porque sou melhor com palavras
do que com minha própria voz
que ficou rouca com sua presença.
Me perguntaram se você estava bem,
me perguntaram se era verdade
que havias voltado com teu amor...
Me perguntaram e a si mesmos
responderam: sim, ele voltou...
Eu não soube o que falar...
Que disse? Que você não falava comigo
que ficávamos em silêncio
eu cá, você lá, do outro lado da vidraça.
Que você nem ficava por perto
Que ia dizer? Que eu estava lá,
amando você no lugar de outra mulher?
Eu tenho saudades de estar contigo
como estavas com teus amigos...
compartilhando sua vida, seus sonhos...
Eu hoje, eu ouvi nossa música no corredor.
Segui o som e encontrei a sala
onde todos instrumentos tocam
e lá estavam os jovens todos
com o mestre da orquestra e suas máquinas
tocando as músicas da nova
essas, que agora tocam
o piano... esses sons, pausas, tudo...
Ele me viu parada na porta -
espantada, olhando -
ficou meio sem jeito - depois sorriu,
encabulado, vermelho...
me cumprimentou com a cabeça
eu respondi com o mesmo aceno
Ele caminhou em direção a sua mesa
sentou em frente ao seu computador
tento esconder alguma coisa...
fingi que saí, mas fiquei lá, escondida
ouvindo... até que outras pessoas
começaram a aparecer,
dizendo boa noite que nunca falam...
Desci as escadas, ainda parei
e fiquei ouvindo no caminho...
depois parti...
eu não entendo o que está acontecendo
Sei o que vi, o que ouvi...
"Eu sigo todos seus passos, para não perde-la ao vento".
Não te vi em minhas pegadas, só vi minha sombra
nos degraus da escada, o perfume da floresta
e as luzes da gruta onde guardam sonhos...
Ouço a música... aquieta-se... dispara...
Eu a ouço porque me faz bem,
porque é ela que fala comigo
pelas mãos de piano
que, agora, a face,
não consigo ver... mas amo.