Espera de Mil Vidas
Amores podemos ter,
tantos quanto quisermos.
Assim como nascem, morrem
no bater de raios que do céu
podem surgir no cotidiano do dia.
Também já vi muita gente chorar
suas perdas e lamentar
não terem vivido o que sonharam a tempo
de os amores partirem
para outra aventura pelo mundo.
Mas, o amor verdadeiro que nasce da semente plantada,
mesmo tênue e frágil em alguns momentos
dadas as intempéries do tempo,
nos leva ao seu remanso de paz e rendição.
Se nele nos perdemos
conhecemos o imensurável que nos habita,
o astral de percas que nos abraça
e leva de nós para o colo do outro.
É quando as lágrimas de felicidade
nos tomam a qualquer hora,
qualquer gesto
e compreendemos a totalidade do que somos
e a plenitude do que é o amar.
Todos podem ter amores, e eles vão e vem,
mas amar é para os que abriram
seu coração à vida e ao milagre
que ela mesma se faz e é a cada novo dia.
Por isso, meu caro,
amores vem e vão
como as gôndolas
perdidas nas águas
de uma Veneza
que também nunca vi.
Então, agarre seu amor,
pois é com ele que poderás voar
no dorso da felicidade para outra vida.
O amor verdadeiro traça o caminho contrário da perda,
mesmo em dor de não se estar com quem se ama.
Se amas desse amor, fique de sentinela,
brando, sereno de pensar, junto as portas,
vista tuas asas de mil vidas e espere
por trás do sonho de mil vidros.
Se do outro lado da porta ouvires passos,
prepara o cesto e a bandeira da vitória
de num dia, dia imensurável,
de bater alucinado do coração,
colares teu rosto no dela que chegou
aos teus braços de riso, paixão,
felicidade e amor permanentes.
Tua eternidade de luz chegou
com o voo da ave
num abraço de lábios
que nasceram
só para os teus beijar.