Eu sou você, você sou eu!
Então quando falas de mim,
estás falando de você.
Quando dizes que minha presença
não faz de mim presente
é porque fechastes os olhos para ver
o que está dentro do pacote
sobre tua escrivaninha
e só olhaste o embrulho
tosco e triste por não te ver lá.
Não quero ser uma cesta de ouro
e se de vime sou,
de vime sempre serei.
Seus liames são fortes
e se entrelaçam inquebráveis
nos fios que nos ligam
já de longa data.
Não fosse assim,
não estaríamos aqui,
eu e você,
chorando nossa saudade
e vontade de estar junto,
através do cristal
dessa janela da vida.
Não há amargura
em meu coração,
apenas um imenso amor
que flui o que sente,
na paixão e sensualidade que,
passageiras da moral não são,
mas são passageiras em teu corpo
viajando em tuas entranhas.
Por isso sentes
o acelerar de teu coração,
o dilatar de tuas
pupilas a expandir
todo teu ser
em arrepios de dor
que ansiam
o apaziguar e serenar,
mitigar a dor
da ferozidade desse sentir.
Meu andar não procura
o beber do amor
nos bares
das esquinas da vida,
mas te procura
nas esquinas de tua alma,
nos becos de teu coração,
nas ruelas de teu ser,
de tuas mãos
que chamam por meu nome
e pelas várias mulheres
que existem dentro de mim.
Também não sou forte,
nem consigo
ser brado de querer,
não por não tentar,
mas por perto
só com olhos de chegar,
um beijo de orelha, de ombro
e algumas mãos dadas
a chorar e perdoar.
Mas guardo em meu coração
um "eu te amo"
dito ao meu ouvido
publicamente
num momento de brigar
pelo que nunca se soube.
Sou eu que me amuo
ao ver ninguém
que tanto amei
e tão profundamente amo,
disperso na bravia noite
de todas as mulheres,
onde não se ganha
nenhuma e perde-se todas.
Não estou fora,
em bares e esquinas
esquecidas do tempo.
Sou tua mulher,
então me procure
dentro de sua vida,
em seu coração,
em teus sentimentos...
Lá vais me achar...