E quanto tempo passamos olhando o céu

por meio das luzes artificiais que nos rodeiam,

quanto tempo caminhamos na direção

dessas luzes sem perceber

que as estrelas estavam

ao alcance de nossas mãos

por milhões e milhões de anos.

 

E seguimos a procurar,

nos embebendo de artificialidade

sentindo cada gole ferir a garganta,

cortar a alma, dilacerar o coração.

 

E, tantas outras, no medo de ficarmos sozinhos,

nos agarramos a primeira estrela de plástico

que cruzou nosso caminho

sem mover um dedo para soprar a névoa

que encobria o céu onde paira

nossa estrela guia, nosso anjo de luz.

 

E não vimos que era só tocar,

só se aproximar, só revelar nossa alma,

nosso coração, dar nosso abraço,

entregar o amor genuíno, verdadeiro,

o amor de completude, amor de identidade

que carregamos em nosso peito

a zilhões de horas do tempo...

 

e o mundo se faria felicidade,

se faria o que hoje é,

quando nossa alma se desvendou,

quando nossa face se revelou ao céu

para a estrela do amor,

para a estrela de luz que,

fiel e querida, sabia de nossa luz interior

e a ela buscava para sempre ali se acolher,

viver, numa só luz, num só planeta,

numa só galáxia, num só buquê

de flores do amor.