Bebendo pra lembrar, lembrando pra esquecer.
Quis mudar toda natureza, girassol ser gira-tu
Quis cerveja, um fino, uma briga, peleja.
Quis abrir a janela devagar, pra não assustar seu sono
Quis te olhar, mas foi como se estivessem cobertas as duas órbitas com lençol branco.
Um dia eu descubro, desfaço, surto, desabono.
Você vai saindo e desviando que nem galho de rio, um ramo, um plano um choro, um fio.
Por enquanto me sobra catar os cacos.
Destapar o sol com peneira,
Descascar maçã sem me cortar,
Ler estrofe tua sem chorar,
e deixar fechadura de lado,
Sem pio, sem passo desatando o laço,
Até acabar.
Um dia você vai me encontrar na rua, vou estar sentado na mesa do boteco, sorrindo. Talvez você atravesse, desvie esqueça, diga oi, mude a faixa, desapareça.
Vou pedir um repeteco daquela música no boteco, até dar dor de cabeça.
Vou olhar pro chão atrás de mais moedas,
Vou beber pra lembrar,
Lembrar antes que eu me esqueça.