Trajetória Elíptica

Eu adentrarei o palco do meu silêncio.

Enviarei sinais luminosos para o espaço sideral

para que apenas o vácuo do tempo me encontre.

Eu voarei universos e me deleitarei

nas cores de tua paleta quando apresentas

a peça em que Van Gogh desenha arco-íris em meus olhos.

 

Planarei como um telescópio de James Webb

ao encontro do momento de entrelaço de galáxias

que se movem em interação no tempo que é nosso,

já há 270 milhões de anos-luz da Terra.

 

E lá, na constelação de Cetus,

que nossas galáxias em IC 1623

mergulham de cabeça uma na outra.

 

Será o dia de fusão das galáxias

e a colisão para esse evento fulminante

e tão esperado desencadeará uma onda estelar,

o starburst, originando novas estrelas em nossa Via Láctea.

 

Farei cruzadas pela neutralidade do espaço,

emergindo de meu buraco negro

transformada em UGC 2369

um objeto astronômico de Áries

para interargir com sua alma-gêmea

em mútua atração gravitacional

até que as formas de ambas

se distorçam e se fundem.

 

Depois, como uma só vamos nos perder

em nossos pontos de ligação,

em nosso gás e poeira espacial.

 

Dançaremos entre as estrelas

em busca de um novo evento de atração

de matéria que nos junta e governa n

nossas procuras em busca de si.

 

É o momento em que nossos corpos

se mesclam em uma fusão de emoções e sentimentos,

em um murmúrio que ecoa até a terra

brindando a ceia de amores

ao som de seus próprios violinos,

olhos nos olhos, coração dentro deles,

até que os braços se acolham

no saciar da fome e na paz que,

finalmente, se faz candeeiro de calor e ternura

até que o sol e a lua acordem

para uma nova trajetória elíptica osculatriz

de duas estrelas que não podem mais viver separadas.