Colinas de Solidão
Somos nós que escolhemos só ouvir
o canto nas colinas da solidão.
Há um pássaro no campo,
caminha torto,
asas salpicadas de sangue...
há um pássaro.
Se esconde entre letras do passado,
se esquiva de todos para só ficar.
A estrela passa por entre suas prateleiras
e escuta seu canto.
Não viu a conversa de hoje
com a bela água na solidão
de Pleno coração.
Há um pássaro negro.
Balança as asas,
mas não alça mais voo.
Em seu bico uma ordem de silêncio,
uma regra de guarda-religiosa
para ficar só.
Ao lado, em um pequeno
alforje uma carta:
todas terras ocupadas.
Sou rei de todas as terras,
umas para vender,
outras para comprar,
mas sou dono delas.
Há um pássaro,
há um pássaro no campo.
Se encontra em um ponto seguro,
mas só lá pode só ficar.
Não tem mais terras para o pé pousar.
Não recebe alimentos
que possam sua alma alegrar.
Há um pássaro, ah!
Suas mãos tremem?
Ele treme o corpo inteiro...