A outra que vive em mim
Dentro de mim mora uma fêmea
Ousada, despudorada,
Sem medida para nada,
Oculta, lá dentro de mim.
Quando se pega em liberdade,
Extrapola os limites
Da minha razão e juízo,
Tamanha a voracidade
Com que se entrega ao prazer.
Eu a mantenho em cadeias,
Presa, acorrentada,
Evitando sua evasão.
Mas horas há em que escapa,
Que minha vigilância solapa
E se entrega com sofreguidão
Ao amor, de modo tão louco,
Tão sedento e estonteante,
Que me rendo à sedução
De meu lado extravagante
E me entrego, leviana,
Aos apelos da paixão.