Violino em Dor

Eu ouço os teus sussurros

e mesmo não podendo ver os teus olhos

sei que estão a me observar,

que de mim não saem, dia e noite,

fazem plantão, se revezam entre si

para me cuidar, de mim saber, me proteger...

 

Sei que me seguem por toda parte,

mesmo que seja pelos olhos dos tortos

ou de um marceneiro de palavras,

um velho carpinteiro que cinzela o barro

de suas canções para a pura Poesia

em uma estátua de Afrodite transformar,

metade mulher, metade violino,

poesia nua e bela, em madeira dourada,

com digitais e marcas de um obreiro de madeira

que sua obra com paixão intensa criou

e agora a ama, desmedidamente,

enlouquecido pelo som que ela emite,

pela música que toca,

com seu corpo

e seu violino de só amor...