Num dia comum,

onde feras dormem

ao pasto das manhãs

e os homens de Zeras

descansam a sombra

das árvores a pedir:

faz desta mulher

a chegada

de minha flor

de espera.

 

Sou perto dela,

mas sou longe.

 

Faço festa e não quero mais

saber de me casar

com mais nenhuma bela

que vive nelas.

 

Meu voo é longo,

meu passo é fundo

e gemo só de ouvir.

 

Fiz uma visita

a mim mesmo,

uma única vez,

pra nunca mais

ter minha vez. 

 

Se sou sobra

a espera de não ser,

sou também a chegada

e as lágrimas que recebi

e que, agora, triste rezo:

 

- pelos céus que me dobro,

me acolho em sua abóboda

de luz e peço baixinho:

metade-a-metade,

faz de mim

um rei de chegadas,

me veste de carmim,

mas não me encha de brilhos

que sou avesso

de estrelas luminosas.

 

Fui embora, meiga amora!

Volto só, um dia, e você,

se mais eu ainda querer,

me namora. 

 

É que:

chega!

 

Cansei

de correr atrás,

cansei.

 

Quantas vezes

fui e voltei?

Não por querência,

mas por mera obrigação.

 

Penei e fanei

em na porta dela.

 

Mal entrava,

bem logo saia,

empurrado

por suas mãos. 

 

Regra não tem,

então fica difícil saber

o que pega nesses momentos

de empurrar pra cá

e puxar, todo, pra lá.

 

Tem até poesia

em prosa e verso

pra contar.

Só alegria. 

 

Ah, decerto!

no final

dá tudo certo! 

 

Sou vinho e taças

mortas de tanta alegria.

 

Se passo ao largo

não sou torto,

nem caça

ou dízimo dos pobres,

e não sei cantar

a fúria desmedida,

o fogaréu intenso

e o tamanho da beleza

dos versos que

a ela me enlaçam. 

 

Meio embaraçado,

rosto corado,

tímido e envergonhado

me escondo da derrota

enquanto ela ergue,

gloriosa, a taça

da vitória do nada.