Fingindo
Finjo amar-te
quando engano os teus olhos
com o inverso do meu discurso
que sai de minha boca surdo
e ainda o ouço declamando
os versos que não fiz pra ti.
Finjo amar-te
quando não passeio em tua pele
ávida da minha
e deixo-te ao deus dará
qual deglutida erva daninha,
qual veneno tragado,
a morte tua,
essas lívidas mentiras minhas.
Finjo amar-te
quando sou menor que a alma
e apenas minhas tronchas falas
procuram-te para desdizer mentindo
sem deixar que o meu amor te sentindo
ache por nós dois apaixonar-se.