OLHAR
E porque atrevi desviar da rosa
Meu olhar, ignorando sua graça
Sorvi o gole da taça
Que inebria da paixão impiedosa!
Se na morada dos anjos não hei de encontrar
E minha mão reclama o toque brando da seda
Desvio sem temor da virtuosa vereda
E no pecado, te busco o olhar!
E entre a lascívia e a candura
Nos mistérios das palavras de uma jura
Que tombou o coração de Afrodite...
Fiz de meu peito o crisol
Para que esse ardor, que vence o sol
Em teus braços alastre e crepite!