ACORDANDO-ME
Não acreditar na verdade,
Que diante de si se coloca,
É obter a irresponsabilidade,
De não querer o que te devora.
E vou perdendo a memória,
Daquilo que quero deixar para trás,
Mas se eu quiser te entender,
O tempo falará que você,
Revela-se-à inteiramente a mim,
E a ninguém mais.
É a poesia tornando-se carnal,
Uma vez que não é o bastante,
Vê-la apenas como alma,
Que se omite quando dança.
Por onde ela vagueia?
Eu passo a me perguntar.
Talvez para longe estar,
Num lugar fora do meu próprio lar.
Sem assumir o que sinto,
No sereno de alguma noite,
Que em claro, eu possa ter passado,
Mergulhado num segredo tão bem guardado.
Ah, salvaguarda-te-ei todos os dias,
Até que o meu mundo caia em pecado.
E no olhar tão vazio quanto o que tenho,
Sonhar é apenas um sentido a levar-me…
Até algo mais profundo,
Que arranque-me a solidão.
E assim, não dividido,
Completo eu for te buscar,
Amar quando tudo é incerto,
Erguendo-me das cinzas,
Acordando-me ao seu lado.
Poema n.2.923/ n.68 de 2022.