Piquenique (Para Patrícia Lettiere)
Paty...
Quero te levar aonde o vento assovia
Aceite e pegue uma bicicleta
Desafiemos os conceitos, ao alvorar
No agudo das curvas, na gravidade das retas
Correndo sem medo de obstáculos
Vamos suave entre neves e primaveras
Até onde sob a guarda do céu estão toalhas e aventais
Lá a tarde segue manhosa
Destilando seu decote semi-rubro
E a evolução também é fluida
Como lápis seduzindo o papel
Tem piões e pipas, lenços e laços
E as plantações balouçam sem dificuldades
Ouviremos então histórias sobre o sonho das espécies
Enquanto as sílfides constroem bolos e avelãs...
E coelhos mostram seu engenho ao brincar
Também ali esculturas minerais abundam
Maiores que os croquis de arranha-céus
Temos sim bocejos de eremitas
E debaixo de nuvens encontramos elfos tecendo tiaras
Carregamos centilhões de venturas à tiracolo
Entretidas por sorvetes e brigadeiros
Temos lã e alquimia
Somos versos e avessos inacabados
Reportando multiversos em arcadas
Somos balsas em água gasosa
Empolgadas criaturas com as crinas alvoroçadas de tordilhos
Neles vamos de oriente à ocidente
E quando o pontual fecho da noite celebrar-se com pirilampos
Que perseverem os alagados e baías
Que nossas mentes sejam recintos seguros, inabaláveis
Que sejam lares gloriosos
Os quais possamos ler cada favo
E nas promessas das toadas, paraísos
Residências sem chaves ou armas
Onde postadas afagamos a barba dos segundos
Acariciando o oliva dos florais botões