Piquenique (Para Patrícia Lettiere)

Paty...

Quero te levar aonde o vento assovia

Aceite e pegue uma bicicleta

Desafiemos os conceitos, ao alvorar

No agudo das curvas, na gravidade das retas

Correndo sem medo de obstáculos

Vamos suave entre neves e primaveras

Até onde sob a guarda do céu estão toalhas e aventais

Lá a tarde segue manhosa

Destilando seu decote semi-rubro

E a evolução também é fluida

Como lápis seduzindo o papel

Tem piões e pipas, lenços e laços

E as plantações balouçam sem dificuldades

Ouviremos então histórias sobre o sonho das espécies

Enquanto as sílfides constroem bolos e avelãs...

E coelhos mostram seu engenho ao brincar

Também ali esculturas minerais abundam

Maiores que os croquis de arranha-céus

Temos sim bocejos de eremitas

E debaixo de nuvens encontramos elfos tecendo tiaras

Carregamos centilhões de venturas à tiracolo

Entretidas por sorvetes e brigadeiros

Temos lã e alquimia

Somos versos e avessos inacabados

Reportando multiversos em arcadas

Somos balsas em água gasosa

Empolgadas criaturas com as crinas alvoroçadas de tordilhos

Neles vamos de oriente à ocidente

E quando o pontual fecho da noite celebrar-se com pirilampos

Que perseverem os alagados e baías

Que nossas mentes sejam recintos seguros, inabaláveis

Que sejam lares gloriosos

Os quais possamos ler cada favo

E nas promessas das toadas, paraísos

Residências sem chaves ou armas

Onde postadas afagamos a barba dos segundos

Acariciando o oliva dos florais botões

Ana Luiza Lettiere Correa
Enviado por Ana Luiza Lettiere Correa em 03/10/2022
Código do texto: T7619218
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