A Convite do Rio…

 

O Rio convida…

a navegar em suas águas -

Hipnotizante e enigmática

Viagem…

 

O Rio convida, de certa forma,

 Intima

    Intimida -

E inicio a insólita busca

Da “A Terceira Margem do Rio”

Sinto o aroma de madeira

Da canoa /Casulo

Recém - construída,

Uso os remos, como se pincéis fossem

A tocar e a tingir as águas,

Com as cores das Estações do Ano

Místicas Águas;

Ora cristalinas, ora turvas…

Calmas e, às vezes, revoltas

 

O Rio é um espelho, um Multiverso

Repleto de Secretas Sendas, labirintos -

Vejo meu reflexo e a paisagem alongada,

Enquanto, caem folhas na canoa…

Ah... esse vento!

 

A busca continua; 

E percebo em cada gota de chuva,

Raio de sol e nas asas

Da Borboletinha branca,

Que por segundos pousa

E, minha mão,

A misteriosa Jornada da Vida

E assim, o Rio segue seu destino,

Seguimos;

Desatino, solidão e quem sabe

Um Renascimento?

 

Sou parte dele e a ele entrego-me:

Canoa, Casulo e Caverna - Mito

A céu aberto…

Calmaria e tempestade

***

Poesia inspirada no Conto “A Terceira Margem do Rio" de Guimarães Rosa,

publicado em seu livro “Primeiras Estórias”, lançado em 1962.