A quem possa interessar um segredo

Eu não mais suspeito porque tenho certeza

Sei a razão inteira das ausências tuas

É porque enfim te declarei meu amor

E desde então, para mim uma eternidade,

Queres não apenas meu coração, a paixão

Minha em ardor por ti. Anunciastes aos

Ventos, por tambores a ruflar e clarins

A soar alto, queres-me ajoelhado

Não humilhado, mas em genuflexão

Eterna a teus pés de minha rainha.

Eu não suspeito mais, sei que vais

A outras casas de outros e outras

E mostras toda a tua candura linda

Que é o rosto mais belo de todos

Os rostos belos que vi até hoje.

Não pela beleza cosmética, mas

Pelo belo que a serenidade dele

Traduz, que a mim sempre seduz

Embora uma visão atordoada

Pela paixão, pelo amor que cega.

Cegaste-me tu rainha minha,

e já não me visita mais e às casas

- quem sabe mesmo às camas? –

de tantas outras e outros vais,

que resta de decência a quem

Ama-te e não se importa que a

alma de qualquer pessoa outra

tu inflames, se a minha inflamas?

Resta, sei e em dor sou assaltado

Por sobressaltos, aos sussurros

Anunciados, acordar do devaneio

mesquinho em que não és mais

Não apenas só minha, nem minha

Também já não és, nem eu sou.

Nem eu era, porque alucinação.

Se fosse sentir ciúmes ou apreensão

Seria tal essa tamanha inquietação.

Adroaldo Bauer Corrêa

Porto Alegre, 20 de setembro de 2007.

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