Quem sabe, lá na lua
No brilho supremo e lapidar
eu possa visitar São Jorge
e conversar com o dragão.
E, então, por meio de mediação,
um não mata o outro.
E, ao invés de expelir fogo pelas
narinas e pela boca... 
Possa recitar poesias.
Com rimas inverossímeis.
E, com a métrica infinitesimal.

Quem sabe, em solo lunar
eu possa semear o afeto.
E, repovoar as florestas.
E, reconquistar a natureza
em sua potência e vastidão.

 

Quem sabe, longe do horizonte
e perto de Caronte
eu o possa subornar e na travessia
para o outro mundo, permanecer
em estado latente,
silente e metafísico.

 

Quem sabe, então,

só as almas boas me verão...
Só os puros e dignos

poderão

conversar comigo
E, fazer pedidos impossíveis.

O afeto tem seu dialeto.

E, o carinho sempre há de ser discreto.
E, ainda, rogar por misericórdia
por tantos pecados carpidos.

 

Por tantas aleivosias.
E, poesias traiçoeiras que
adúlteras até amaram demais...

 

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/09/2022
Código do texto: T7610557
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