Tortura

Sei que não estou sentindo nada

Nem fogo, nem ardência, nem riso, nem dor

Não sei se quero sorrir, ou se quero chorar

Na língua um amargor

Sei apenas que sou poeta

Mesmo assim não dá pra rir

Sei que outrora minha letra estaria completa

Mesmo assim não sei pra onde fugir

Sei que não estou sentindo nada

Na mesa o mesmo vinho derramado

Traçando e medindo o orgulho

Da canção do papel queimado

Sei que não estou sentindo nada

Um aperto forte no coração

Desafio as horas da madrugada

Fazer companhia pra solidão

Uma emoção, uma carta, uma canção

Uma caneta que ao menos trace o caminho

Qualquer coisa, qualquer emoção

Sei que nessa estrada estou sozinho

EduardoAraujo
Enviado por EduardoAraujo em 19/09/2022
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