LICOR DE CEREJAS
Duas cerejas no fundo da taça
E o licor sinuoso
Do gosto sobre o vinho e o tempo
Escorrem
Os lábios, e o paladar contemplo
Deixa a água para quem sofre Sedento
Nesse instante de prazeroso arrebatamento
As cerejas mastiguei como quem corre atrás do vento
Preliminar de quem se vestiu do néctar vermelho
Depois de beijado o corpo
A rama dá os frutos rubros
A boca, salivando, prova
O agreste e o doce
Amargo
Alegre
Triste ao mesmo tempo
E provei, tal quem só tinha um átomo de contentamento
A boca vermelha
O beijo invocando seu batom
A efêmeridade do desejo conquistando tal fronteira em seu momento
Brevidade de quem ama
E a mão a percorrer o limiar
Feito quem colhe um fruto no galho
Orvalhado ao relento
14/09/2022
00:42