Narciso

Eu o vi, de longe, brincando com as crianças.

Vi, de uma forma que nunca pude, desarmado.

Sem a ânsia de esconder-me os olhos ou mostrar-me o sorriso.

Sorrias-me, quando os meus olhos estavam fechados.

Os teus risos de canto de boca, um marfim selvagem.

Guardo a imagem do modo que o vi de longe:

Sem traumas, medos, mentiras ou depressões agudas.

Sem vaidades ou ego inflamado. Sem a vontade de mesmo amando, ser um carrasco.

Das esfinges, hoje corro. Servi-me em bandeja de prata para aquilo que temia.

Autossabotagem, os dias precisavam de cor.

Um pretérito Clariciano, o fim no início, a história real no meio das entrelinhas, das pautas sangrando.

Obliquo e dissimulado, como a Capitu do Machado.

Poeta de Borralho
Enviado por Poeta de Borralho em 14/09/2022
Código do texto: T7605813
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