Narciso
Eu o vi, de longe, brincando com as crianças.
Vi, de uma forma que nunca pude, desarmado.
Sem a ânsia de esconder-me os olhos ou mostrar-me o sorriso.
Sorrias-me, quando os meus olhos estavam fechados.
Os teus risos de canto de boca, um marfim selvagem.
Guardo a imagem do modo que o vi de longe:
Sem traumas, medos, mentiras ou depressões agudas.
Sem vaidades ou ego inflamado. Sem a vontade de mesmo amando, ser um carrasco.
Das esfinges, hoje corro. Servi-me em bandeja de prata para aquilo que temia.
Autossabotagem, os dias precisavam de cor.
Um pretérito Clariciano, o fim no início, a história real no meio das entrelinhas, das pautas sangrando.
Obliquo e dissimulado, como a Capitu do Machado.