A MIRAGEM

Vinha sobre as nuvens e sorria em meio ao vento

Um leve levantar de suas mãos deixavam um rastro dourado levitando sobre o ar

Ao descer, seus passos eram marcados por uma trilha de folhas verdes

Ao olhar pra mim, sentia o sol virgem da manhã a beijar meu rosto.

Por onde quer que fosse, eu não podia não querer lhe acompanhar

Se fugisse ao alcance de meus olhos, me fugiam também toda vontade de viver

Mas, refletida sua imagem nas águas puras da fonte, de imediato me assediava a sede

E se nos frutos encostasse a meiga mão, a fome me alcançaria!

A linha do horizonte, ao entardecer, eram as mesmas que desenhavam a perfeição de seu corpo

E se a noite intentasse assustá-la, lhe desciam as estrelas numa escolta de devoção

Todas as flores se abriam, no mar ondas calmas, nas florestas as árvores lhe aplaudiam

Um espetáculo de perfeita poesia, cujo expectador mais privilegiado era eu!

Então ela me tomou pelas mãos e no fechar de sua boca me revelou os seus mistérios

Me mandou cerrar os olhos e pude ver o paraíso de natureza exuberante, que se esconde no calor de seus seios

Ela me fez crer na verdade que me enganava e me ajudou a perceber que no meu sonho repousa minha melhor e mais concreta realidade!

Dentro em pouco eu estava voando!

O vento impetuoso que me tocava o rosto, também o mantinha seco de toda lágrima

A cruel impossibilidade não estava lá em cima, e graças a ela, eu deixei no solo todas as lógicas que dela me afastam.

E só fui parar quando num alto monte, onde não chega o juízo da razão e nem o medo do fracasso, ela me esperava, para me fazer adormecer em seu colo - onde até hoje me acho!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 01/12/2007
Reeditado em 03/01/2012
Código do texto: T760518
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