BELA DA MANHÃ
BELA DA MANHÃ
Reabri meus olhos tantas vezes
Despertando em cio e desejo
Meu corpo saciado doía
Em vão mais um amante fugia
Entre os meus dedos febris
Os sapatos de cristais apertados
As roupas jogadas
No chão vadio
A alma pedra vazia
Desmoronando castelos das cartas
Do jogo da dama perdida
Lavava o rosto a vergonha
No arrastar dos dias
Acordada aguada me proibia
Olhares de cobiça
Deleites e beijos ardentes
Apertando os seios para estar viva
No calor só de mim mesma
Os pelos lisos e penteados
Esperando a hora de enlouquecer
Na solidão no leito e peito
Olhos cerrados quase eu fenecia
No sonhar dos beijos de posse
De o suor escorrer no quente do afago
Os espíritos tremulando
Tua boca despertando a minha carne
Tuas garras arranhando meu dorso
Nos gritos e quarto abafados
Balançando nus na passagem das horas
Sendo a bela da tarde entardecendo
Sendo a bela adormecida
Morrendo frágil entre teus braços
Anoitecendo... Amanhecendo
No sol que arde
A pomba arrulhando
Lá fora...
Cíntia Thomé
Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA
pela livraria Saraiva
direitos já registrados.