BELA DA MANHÃ

BELA DA MANHÃ

Reabri meus olhos tantas vezes

Despertando em cio e desejo

Meu corpo saciado doía

Em vão mais um amante fugia

Entre os meus dedos febris

Os sapatos de cristais apertados

As roupas jogadas

No chão vadio

A alma pedra vazia

Desmoronando castelos das cartas

Do jogo da dama perdida

Lavava o rosto a vergonha

No arrastar dos dias

Acordada aguada me proibia

Olhares de cobiça

Deleites e beijos ardentes

Apertando os seios para estar viva

No calor só de mim mesma

Os pelos lisos e penteados

Esperando a hora de enlouquecer

Na solidão no leito e peito

Olhos cerrados quase eu fenecia

No sonhar dos beijos de posse

De o suor escorrer no quente do afago

Os espíritos tremulando

Tua boca despertando a minha carne

Tuas garras arranhando meu dorso

Nos gritos e quarto abafados

Balançando nus na passagem das horas

Sendo a bela da tarde entardecendo

Sendo a bela adormecida

Morrendo frágil entre teus braços

Anoitecendo... Amanhecendo

No sol que arde

A pomba arrulhando

Lá fora...

Cíntia Thomé

Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA

pela livraria Saraiva

direitos já registrados.

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 01/12/2007
Reeditado em 02/06/2008
Código do texto: T760302
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.