“Quero ser Neruda... desde que tu sejas Matilde”

“Teus olhos negros de armação... cigana flor das minhas noites... sou teu cavalo oceânico... sou teu curso de fogo... sou teu canto nas horas de lua...

Sobre o carpete vermelho da paixão... deitas teu repouso de deusa em meu peito... sossega teus tremores e espasmos... temos o resto dos meus dias... antes da última nave...

Poema de amor... teus beijos me são o alimento... teu corpo, o vinho... tuas palavras, a erudição... me perco nos teus olhares de musa... nos cheiros diversos da tua pele de frutas...

Teus seios, dentes-de-leão soltos no ar, livres como a revolução... lisos como maçã lustrada... imperfeitos como aprendiz...

Teus bicos... de mulher feita... auréolas de sonhos... bicos do puro sal da terra... bicos de se beijar em águas mornas... rosados como a lágrima e o sol...

Tuas ancas, que me prendem... contracapas da perfeição... e por elas, guardo meus dizeres só pra ti...

Teus olhos negros de oceano...meu infinito... me transportam por sobre tua pele de damasco colhido... tua beleza é como olhar o horizonte em tardes frescas de preguiça...

Céu mais puro... teu sorriso de jade me abre as portas da satisfação...

Me sinto único nos teus braços... perdido no xadrez acarpetado da tua intimidade...

Minha alma vira holofote quando te amo...

Me entrego a ti... com palavras, corpo e poesia...

Que todas as nossas manhãs sejam cartas de amor... escritas no teu ventre de luz”