" Quanto tempo você cabe num abraço? "

Os sentimentos eram barulhentos demais e por isso ele os deixou de lado. A saudade pesava seus ombros, então foi preciso se desfazer da capa. Ao longo do caminho se despiu das incontáveis dúvidas e incertezas que o cercavam.

Estava agora sozinho, cabisbaixo e com os olhos marejados como de quem segura o choro num final triste de qualquer livro de romance piegas, estava com os pensamentos quietos, olhos perdidos num horizonte imaginário. Seu coração que antes palpitava descompassado, agora ritmava em calmaria com sua respiração. As mãos não estavam mais suado frio, tudo estava calmo, a vida estava em câmera lenta. Seus olhos captavam tudo ao redor, todos os detalhes.

O sol se punha atrás do lago e era possível ver águas cristalinas tornarem-se vermelhas conforme o sol era engolido.

Pareciam horas, anos, séculos.

Ela interrompeu o silêncio sepulcral do espetáculo pigarreando e disse-me:

- quanto tempo você cabe num abraço?

- durou horas? _perguntei.

- apenas 3 minutos.

Paschoal, George