A FORMIGA AMOROSA
Um dia a formiga não precisou pensar
tudo estava em seu lugar.
O mundo se encaixara,
as paredes eram extensas
e o formigueiro, a obra perfeita,
se ajustara a todas;
cada casta possuía sua tarefa.
Hoje uma formiga não precisa pensar,
mas de vez em quando...
ela pode parar
e passar às outras
o feromônio de algo como:
“Estamos aqui!”
Mensagem rápida
na trilha de comida.
Hoje uma formiga já formiga,
não precisa pensar,
apenas casualmente,
(pois formigas são obreiras,
a rainha é obreira,
títulos não existem),
qualquer operária transmite
uma satisfação como dizer:
“Agora pra frente!”
Alguma outra formiga receberá a mesma ideia,
e sentirá por instantes,
a felicidade alheia
e decerto abaixará as antenas
para não interromper a tarefa
(Nada se interromperá,
foi acertado no período Cretáceo,
em um consenso de carapaças).
Uma formiga não precisa pensar,
por motivos longe da sua evolução,
talvez levante a cabeça,
em um segundo de ócio
e surgirá algo como:
“Sou igual a formiga à frente
a formiga na minha traseira é igual a mim.
Vivemos em um período dócil”.
Formigas não precisam pensar,
apenas eventualmente
quando se reproduzem,
a rainha à vista,
do chão todas percebem:
“Os machos voam!
Como é lindo! Como é lindo!
Mas tudo bem... tudo bem...”
A formiga jamais entende o porquê dos machos.
“Por que somente eles parecem morrer?”
DO LIVRO: JÁ QUEBRANDO NOZES"