CANÇÃO DO EXÍLIO
Parodiando Gonçalves Dias
Terra de ninguém,
onde nem o sabiá ousa cantarolar;
pessoas que lá passeiam.
Aqui, não vem visitar.
Céu de urubus,
pântano pegajoso;
namorados desmotivados,
aqui, não vem confraternizar.
Tristonho, sob o luar, venho me confessar;
serenidade é o que tento buscar;
grandes bananeiras,
onde, as suas sombras, posso deitar e relaxar.
Sonho de petiz,
amigos para conversar e farra para celebrar;
vejo-me só, sem sequer alma-viva
para me fazer companhia,
fedido aroma, difícil de inalar.
Deus me acuda, sozinho aqui, não dá.
São Pedro, quando cá aparece, não dá trégua.
Sem água é difícil aguentar;
sem amigos é impossível existir!
Gente humilde, aqui,
sempre andam de cabeça erguida,
não deixam dar-se por vencidos.