Encantado
Quem és tu, este mágico olhar,
De uma sumária ilusão descrente?
Deixa a porta aberta pra eu entrar
E assim me aproximar, docemente.
Permita-me instantes de mudez.
Que tu brilhes de forma singela,
Pra que eu possa fitar sua tez,
Que a sombra do pôr-do-sol cinzela.
Dá-me parte dos teus pensamentos,
Se é que a mim alguns deles pertencem.
Que se enlaçam, suaves e lentos
E de forma invisível te vencem.
Deus sabe se eu te amei de verdade,
Menino-homem vindo de longe.
Se chegaste encantado tão tarde,
Co’ a pureza sagrada de um monge.