Caroline
Queria eu, um dia,
Descrever seus olhos
Como quem descreve um céu estrelado e as luzes coloridas de uma cidade cinza,
Queria eu, um dia,
Dizer que minhas mãos ainda estão presas aos seus cabelos dourados,
E que minha língua já não mais reconhece o gosto de nada, ao não ser do seu corpo nu,
Queria um dia dizer,
Que seu beijo é minha dádiva,
Que você é a resposta para todas as minhas dúvidas,
E que ao te olhar, eu pude ver o infinito,
Mas não posso, tudo que tenho a dizer sobre você é silêncio,
E sobre nós, queria eu poder descrever um dia.
Como um fiel a uma divindade,
Estou destinado a te adorar de forma incondicional,
A te ver em em tudo que é imenso e saber que tudo que existe para mim, de algo forma, é você,
Estou destinado a te amar cegamente, sem questionar sua face,
Mas sabendo que seu rosto também é o meu,
E que você é como a morte,
Com a vinda incerta mas com a chegada absoluta,
Ah, meu amor,
Em vida, estou destinado a amar você mas nunca a te encontrar,
Pois sabemos, que todo esse mundo nos pertence,
E que não habitamos lugar algum, ao não ser o coração um do outro.
Nas noites em que a melancolia me toma por completo e me tira o sono,
Eu sonho com seu nome e grito e rogo por ele,
Em prece, peço que veja que eu não existo sem você,
Nos dias em que sol é a única verdade sob o céu,
Meu amor paira sobre as nuvens e em maior veracidade, se abstém de palavras e se transforma em azul,
Para que chegue a todos os olhos,
E diga novamente, que eu te amo,
E que eu não existo sem você,
Nas tardes onde o céu se desbota como aquarela,
E mais uma vez a noite vem para me trazer a agonia da sua ausência,
O sol despede de luz se despe para virar sombra,
Nascem estrelas mortas, se desenham constelações,
E todos tentam entender o que será que todos esses astros querem dizer,
Mal eles sabem que toda essa luz são os meus versos de amor para você,
E que se pudessem ouvir a música que esses corpos dançam,
Ouviriam na mais bela melodia,
Que eu não existo sem você.
Assim foi e sempre será,
Vou amar meus amores, sabendo que todos são você,
Vou contemplar o mundo, mas pouco, pois nada me daria tanto sentido quanto morar na imensidão do seu ser,
E se em toda a minha vida eu não pude de fato viver,
É porque antes não pude morrer em seus braços,
Se acaso a morte me encontrar,
E meu espírito continuar a vagar e gritar pelo mundo com pura revolta e insatisfação,
É porque antes, com toda a efemeridade e infinitude da vida,
Eu não pude ter Caroline.