A MUSA
A necessidade de ofertar a Arte a um ser sublime, esplêndido, capaz de transformar a musicalidade, a estética, o conteúdo, em Amor, torna o Poeta súdito da Musa.
Nada há que o faça desistir de a cada verso, rima ou chave, atingir o estado supremo do Criador, para depositar a coroa do império aos pés da mulher que tanto o inspira.
Os mitos tornam-se pobres imagens desbotadas, deparados com a lembrança deslumbrantemente incendiada da Musa.
Ainda que os fatos do mundo exijam do Poeta presença maciça comandando bandeiras de delírio contra os demônios, o Amor é capaz de levitá-lo por sobre o fogo das batalhas.
Ainda que revoluções exijam a lógica musculosa do Poeta para trilhar os caminhos desconexos da Justiça, da Dignidade e da Liberdade, o Amor pela Musa faz dele não um Assassíno fardado, mas um anjo capaz de escutar o coração do Oponente.
Assim, místico e ousado, o Poeta carrega o Amor não apenas no corpo, mas na alma, porque sabe, que apenas nos braços da Musa encontra a Paz que o Renasce mais intenso