DESEJO
Desejo ardentemente
Transbordar todo ser que em mim habita
Para dentro de outro ser que desejo
Como rio perene buscando desaguar em mar fértil
Como desabrochar de cada pétala em
desejar cada singular momento
Em teu ventre, esvair-me em semente
Por inteiro, em delírio ardente
Desejo
Como ondas intermináveis lambendo a areia clara a beira mar
Tocar o teu ventre, com consentimento mútuo de ali estar
Com sua mata ciliar
Traçar rotas de prazer
Desejo
Que escorre por entre os dedos
Os suspiros loucos que não há como se controlar
Ancas, coxas e lábios molhados a percorrer nucas e ouvidos receptivos
Escorrer entre seu ventre como a seiva leitosa a me confrontar
Afogar-me, embriagar-me loucamente
Então, desejo
Expondo-me explicitamente ao lençol, nossa testemunha ocular
Enquanto, furtivamente a luz da lua
Que pela fresta nua
Se derrama em gozo
Em nosso esvaziar
Que nossa chama clama
Cumplicidade singular
Entrelaçar de dedos cálidos
Corações acelerados
A se perpetuar nessa eternidade frágil
Culpados de amar
Rio, 12/08/22