PANTERA
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A trilha ronda a floresta.
De dia como se de noite fosse
Iluminam-se os portais de árvores.
Esverdecendo
Entre os galhos, o olhar dourado da pantera
Ela não ouve meus passos na trilha
Invulnerável, nem mesmo eu ouço
A trilha parte de hoje ao passado
Caminho pra frente, antevendo tudo a que fui subjugado
A íris amarela
Curada nessa trilha em que espera
É sempre a garra que dilacera o poeta
A pele negra se mescla com o negro da floresta
O ataque era branco e espreitava na brancura das feras
A pantera era bela, predadora exímia no seu corpo de pantera
Esquálida e bravia esperando apenas devorar a presa que a consumia
E a garra afiada retalhava a carcaça que a desafia
Mas da alma e do sangue ela ria
Entre seus dentes vorazes ela sorria
No tempo passado, o presente marcado era um guia
E as passagens que se abriam entre as folhas
De panteras que caçavam não desistiam
Uma tarde a mais e a pantera segue agora meu rastro silente
Não escuta nem fareja
Mas prossegue no meu encalço resolutamemte
08/08/2022
09:00hrs