MEU CHAPÉU é do que DESCE

Vem, meu bem,

eu já não sou,

partir é a condição que o momento

impõe,

nada posso além da ansiedade

os passos arrastam a dúvida

que ainda ouso expressar:

terei olhos

ou sentir tua passagem em meu semblante

é o sonho escorrendo da alma pelo rosto?

Eis que o despertar

trazendo alívio

não me deixa feliz,

a espera modulada pelo desenho sonoro

do rouxinol

não esconde a hora marcada

pelos olhos selvagens,

em mim apenas o agora é,

não presenciarei futuros ou o soberbo do tempo,

meu chapéu é do que desce a escada pelo túmulo