POEMA HODIERNO PARA IGOR CINTILAR
Igor,
Você me desvirtua
como adolescente que leva vodca para o retiro evangélico
e liga um blues às cinco horas da madrugada.
Sei que no seu mundo brega
uma JBL altíssima, o copo Stanley com cerveja à mão e um sol imponente
é mais que essencial para confessar-me o seu amor e colar os nossos corpos
como mãos de guerreiros que não soltam a espada em meio à guerra.
Trêmulo, suporto o seu modão sertanejo
mas ensaio uma mensagem desaforada para a dupla musical da sua predileção
enquanto cozinhas aipim e esqueces a carne no óleo quente.
No meu amor cabe poesia, os versos de Drummond
e uma forma de manhas, beijinhos, brigadeiros e tentações.
Ando por aí ensaiando os passos do nosso casamento
ao som de Lulu Santos.
Desejo uma cascata de luz:
Garoto, eu vou pra Califórnia!
As ondas, as muitas ondas, essas mesmas que rebentam
na Praia da Costa de Vila Velha do Espírito Santo
Vão levando os meus desvarios como louco lobotomizado
que não usa protetor solar.
Estou queimado de verão em meio ao inverno
e isso se chama amor.
O que se chama amor deixa-me cândido e resoluto:
Mergulho sem fim nos verdes mais que verdes do seu olhar.