EFÍGIE MEMORIAL

De soslaio te vi assim,

Transformando-se numa obra contemporânea,

Enquanto tuas páginas se abriam,

Eu não evitei o meu fascínio e,

Despenhando-me abruptamente,

Diante daquelas palavras que li.

Salvaguarda-te-ei como um guerreiro,

Está disposto a travar tantas batalhas,

E ir até onde seu físico não aguenta,

Para transportar-te de volta à mesma estrada.

Todavia, é como se previa,

O meu medo de que,

O que eu até então sentia,

Não poderia ser tangível,

Pois nem real, ele parecia.

Sim, é inferir através do corpóreo,

Que não foi desta maneira,

A evidenciação de ver-te num derradeiro instante,

Diante da verdade: a de que te perdia!

E fica eu almejando ser tão seu,

Mas nem idealizar-te assumindo,

As vontades com que tem-me possuído,

Consigo constantemente a noite,

Livrar-me para sempre te ter.

Dou um salto para a morte,

Retiro-te de onde estiveres,

Contudo, não revelas-te como queres,

És apenas aquele distante vulto.

Consolo-me com a efígie memorial,

Perguntando, o que eu quero ser pra você?

Então, apenas ouço um trovão enunciar-me:

Estás fugindo-te de ti mesmo?

07/08/2022

Poema n.2.913 / n.58 de 2022.

Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 07/08/2022
Código do texto: T7577025
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