EFÍGIE MEMORIAL
De soslaio te vi assim,
Transformando-se numa obra contemporânea,
Enquanto tuas páginas se abriam,
Eu não evitei o meu fascínio e,
Despenhando-me abruptamente,
Diante daquelas palavras que li.
Salvaguarda-te-ei como um guerreiro,
Está disposto a travar tantas batalhas,
E ir até onde seu físico não aguenta,
Para transportar-te de volta à mesma estrada.
Todavia, é como se previa,
O meu medo de que,
O que eu até então sentia,
Não poderia ser tangível,
Pois nem real, ele parecia.
Sim, é inferir através do corpóreo,
Que não foi desta maneira,
A evidenciação de ver-te num derradeiro instante,
Diante da verdade: a de que te perdia!
E fica eu almejando ser tão seu,
Mas nem idealizar-te assumindo,
As vontades com que tem-me possuído,
Consigo constantemente a noite,
Livrar-me para sempre te ter.
Dou um salto para a morte,
Retiro-te de onde estiveres,
Contudo, não revelas-te como queres,
És apenas aquele distante vulto.
Consolo-me com a efígie memorial,
Perguntando, o que eu quero ser pra você?
Então, apenas ouço um trovão enunciar-me:
Estás fugindo-te de ti mesmo?
07/08/2022
Poema n.2.913 / n.58 de 2022.