Jardim Tímido

Permita que eu, (em qualquer estação),

entre na folia verânica secreta

que há em seus cabelos.

Se jogue sobre mim

e ofereça essa contínua praia quente,

suave e arredia que há em seu

corpo calado e raro, Rayra.

Vamos pular o carnaval que acontece

entre nossos braços e pernas!

Tampa-me, com seus cabelos,

os sentidos que me conectam

à corriqueira sanidade!

Sorria para mim

com esse sorriso amorenado e cheiroso

que me convalesce e, em troca,

me desencoraja a voltar ao chão austero

e despoético dos dias de semana.

(Não quero voltar às hemomaníacas lâminas

e aos cânceres que cirandam entre

os cimentos maduros de sol).

Me seduza sem querer.

Basta que, sem propósito,

desfiles desperdiçada e semi-nua

sob o meu teto.

Atire sobre meu rosto diurno e preocupado

as marolas confortáveis

daquela tua praia oculta

e me convide a esquecer as dívidas

nas sombras do jardim marítimo

que há em teu balneário tímido.