Canto de Amor nº XIV
Lílian Maial
Quão belos são teus olhos, ó filho do rei!
O que me olha de longe e me entrega a graça do seu desejo.
O que tem olhos de mar calmo e o sorriso do desabrochar do girassol,
Aquele da pele branca como o leite, com a maciez da lã de mil ovelhas.
Teus dentes como alabastros marmóreos, a adornar teu rosto.
O ungido de mirra, aquele que vence a morte, como meu amor.
Teu peito, como pequenas colinas de relva delicada,
onde repousar minha cabeça e me abandonar.
Teu ventre de saliências e reentrâncias, planícies e planaltos do prazer extremo.
Como são belas e rijas tuas coxas lapidadas como a mais imponente estátua!
E teus glúteos arredondados, firmes e discretos,
guardiões do dorso de tigre viril.
Quão lindo e estonteante és, ó amado entre os amados!
Tu me fazes delirar, meu amado, meu rei, meu amigo!
Tu me fazes delirar com o delicioso cheiro de tua respiração,
om o hálito de maçã da tua boca de pomar!
Que soprem todos os ventos e espalhem teus aromas
pelas varandas de ciprestes, pelos vales de lírios!
Vinde, amado meu, bebe do meu amor,
caminha pelas vinhas do meu corpo!
Degustemos o vinho que se derrama em nós!
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